segunda-feira, 27 de julho de 2020

Para quem acredita em milagre, a ciência não ajuda muito.

Em um mundo não muito distante de nós, mas em outro tempo, aconteceu um caso interessante. Milhares de pessoas passaram a se encaminhar para um local onde brotava uma água “milagrosa”, que curava todo tipo de doença. Tal água nascia de uma fonte “abençoada” que já havia operado a salvação de vários doentes, diziam os comentários. As notícias corriam céleres, de boca em boca, fazendo com que tal fonte virasse um verdadeiro centro de peregrinação. A aglomeração chamou a atenção das autoridades, dos jornalistas e dos cientistas.


Fonte de água "milagrosa", no Cerro do Botucaraí, Candelária/RS

Dois médicos, que também eram químicos, realizaram testes com essa água, concluindo que ela era unicamente potável. Porém, de pouco adiantou a propaganda do governo e dos jornais denunciando o charlatanismo e a impostura daqueles que ainda apregoavam a cura pelo uso da água, pois o povo continuou a afluir à fonte, acreditando no milagre.

Paralisias, cegueira, doenças de pele, ossos quebrados, problemas respiratórios, dores abdominais, de ouvido, de garganta, e até infertilidade feminina...tudo se curava pelo uso da dita água “santa”. Se fosse hoje, talvez também existissem alguns propagandeando que a ingestão da água curasse parasitas, vermes e vírus. Afinal, mesmo sem comprovação científica de sua eficácia, mal não faria tomar alguns goles do abençoado líquido. Ao menos era água potável.

Nota do autor: esse caso é verídico, e aconteceu em 1848 nos Cerros do Campestre (Santa Maria) e do Botucaraí (hoje no município de Candelária). Era a época em que a ciência iniciava sua luta para desacreditar certas crendices populares. Pelo visto a luta continua...