sexta-feira, 24 de agosto de 2018

João Maria de Agostini não foi um homem comum. Sozinho, partiu de uma Europa assolada por guerras, fome e mortes. A Itália estava iniciando o processo de Unificação e muitos sentiam os efeitos disso. Escolheu a América (o continente) para levar uma vida de solidão e penitência. Mas quem diria que, apesar do desejo em imitar a vida de Santo Antônio Abade (o primeiro eremita cristão e que viveu no Egito nos primeiros séculos do cristianismo), tornou-se um dos maiores missionários católicos que a América conheceu?
Foto tirada em Havana, Cuba, em 1861.
Exímio orador, pregava o Evangelho de modo agressivo quando necessário, e não poucas vezes foi escorraçado de igrejas por atacar quem o ouvia. Como típico europeu de seu tempo, o comportamento arrogante, superior diante dos povos americanos, não era bem-visto por alguns. Mas, apesar disso, deixou marcas profundas e duradouras entre os populares: construiu vias-sacras, instituiu devoções, curou doentes a partir de seu conhecimento de "cientista natural", aconselhou, repartiu o pouco que conseguiu, fez-se santo! Sua aparência se enquadrava ao estilo dos santos bíblicos: barbas longas, cajado de peregrino, hábito religioso, objetos sacros e comportamento exemplar. Um "iluminado" que, além de tudo, falava vários idiomas (latim, dialeto do Piemonte, francês, espanhol e português). Peregrinou por mais de 30 anos no continente, e faleceu possivelmente pelas mãos daqueles que ele mais deu atenção durante esse tempo: os índios (Apaches que estavam em guerra contra o homem branco que tomava seu território no estado do Novo México).

Encontro necessário e muito esperado

Lápide de Juan Maria de Agostini,
o "Eremita do Novo México" (Mesilla, EUA).
Sabe-se que um livro não seria, e não é, suficiente para dar conta de toda essa história. Seria preciso muito mais: um documentário, filme, série, enfim, algo que pudesse divulgar minimamente o que fez este bravo e controverso homem. Por isso estamos (a equipe da Plural Filmes e eu), desde o ano passado, percorrendo inúmeros lugares por onde Agostini passou e deixou alguma devoção continuada por seus devotos/admiradores: no Brasil, nos Estados Unidos, na Argentina, no Peru e no México. Documentário longa-metragem que tentará contar as crenças, lendas e histórias a respeito do monge/eremita, mas, acima de tudo, aproximar lugares e pessoas.

Conjunto rochoso onde está "La Cueva", local onde Agostini morou em Mesilla entre 1867 e 1869. A poucos metros dali seu corpo foi encontrado, morto, com perfurações nas costas. 

Equipe de filmagem em "La Cueva" (Mesilla, EUA)

Entardecer, "La Cueva".
Montanha do Eremita, norte do Novo México (EUA)
No alto da Montanha do Eremita (2.100 m de altitude).

Pedras durante a subida da montanha
Trilhas na montanha
Cerro Chalpón, norte do Peru.
Santa Cruz de Motupe. Obra feita por Agostini em 1841, venerada até hoje pelos peruanos
Ponto de parada da Santa Cruz, ainda no meio da montanha.
Praça Central, Motupe. Milhares aguardam a chegada da Santa Cruz.