terça-feira, 20 de novembro de 2012

O EREMITA NA CAPITAL DO IMPÉRIO


Pedra da Gávea, RJ

Antes de ser chamado de Monge e ser cultuado como santo e milagreiro pelos povos do sul do Brasil, João Maria de Agostini era um desconhecido viajante europeu que aportou no Rio de Janeiro em agosto de 1844, sendo descrito como “italiano Giovanni Ma di Agostine”. Sem a fama que o rodearia alguns anos depois, instalou-se na Pedra da Gávea – uma das montanhas mais altas do Rio de Janeiro – passando a receber a visita de escravos que, a mando de seus senhores, davam a ele alimentos e outros mantimentos. Em troca, Agostini presenteava os escravos com rosários, crucifixos e pequenas imagens de Nossa Senhora, tudo por ele fabricado. O artesanato era uma das formas encontradas pelo eremita para sobreviver. Um proprietário da região ficou preocupado com o constante fluxo de pessoas atravessando suas terras em direção à Pedra da Gávea. Certo dia, então, José Francisco Ferreira, o proprietário, resolveu “espionar” o misterioso habitante do cerro. Nada de comprometedor encontrou, constatando que o eremita era homem de bons costumes.
Durante quase quatro meses – entre agosto e dezembro de 1844 – Agostini permaneceu na Gávea, e, durante este tempo, José Francisco Ferreira fez-se amigo e protetor do viajante italiano. Certo dia, porém, o eremita deixou as “comodidades” do lugar. Saiu da capital do Império em 15 de dezembro de 1844, embarcando no Vapor Paquete do Sul com destino à cidade de Santos. Ali pouco demorou-se, uma vez que na véspera do Natal daquele ano apresentou-se na vila de Sorocaba, interior paulista, como "frei João Maria de Agostinho", natural da Itália e de profissão "Solitário Eremita". Foi buscar residência em outra montanha, denominada Araçoiaba, o "Fantasma da Aurora", nas proximidades da antiga fábrica de ferro de São João de Ipanema. Mas deixo esta história para outro dia....