segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O MONGE NA ILHA DO ARVOREDO - Introdução


Ilha do Arvoredo, Santa Catarina.
Cenário: Ilha do Arvoredo, em Santa Catarina, últimos dias de 1848. Moradores de Ponta das Canas, Canasvieiras e Porto Belo começaram a avistar uma “fogueira ardendo todas as noites” em uma das encostas da ilha. Curiosos para saber do que se tratava, alguns poucos corajosos rumaram para a ilha em busca de explicações, deparando-se, então, com a figura misteriosa de um monge. Pelas narrativas, ele era um “venerando ancião, de alta estatura, vestido com um burel remendado e de longas barbas brancas”, segundo afirmou o iminente pesquisador Virgílio Várzea. De acordo com os primeiros pescadores que para lá se dirigiram, o monge “andava fazendo vida santa”, mas também ensinava rezas e curava doentes com benzeduras e cozimentos, confirmou José Boiteux. A todos que o procuravam em sua furna na Ilha do Arvoredo, recebia com afabilidade e carinho, pois logo deve ter percebido que não poderia ali permanecer sem a assistência dos moradores que o supririam com alimentos. Por ser uma história baseada em depoimentos orais, não se tinha certeza se algum monge de fato esteve na Ilha do Arvoredo, dando-nos a sensação de tudo não passar de lenda. Na verdade, algumas lendas nascem de acontecimentos “reais”, e a passagem de certo monge pela Ilha do Arvoredo, entre o final de 1848 e início de 1849, é um destes casos. Porém, antes de analisarmos a estada do monge na Ilha, veremos, a partir da próxima postagem, como ele chegou até esse local.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Assim caminhou João Maria

Acesse e leia artigo completo publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional

E ele muito caminhou, fazendo centenas se ajoelharem aos seus pés, inclusive sul-rio-grandenses que haviam lutado na Revolução Farroupilha. Pessoas de várias categorias sociais, e não somente excluídos e pobres, renderam veneração ao monge italiano, acreditando que ele descobrira uma fonte de água milagrosa nas proximidades da atual cidade de Santa Maria (RS), em 1848.



Revista de História da Biblioteca Nacional





Não deixe de ler os artigos sobre a mais sangrenta guerra acontecida no interior brasileiro do século XX. Verdadeiro massacre de um povo simples que queria viver as devoções ensinadas pelo monge João Maria.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Local de descanso do peregrino, na pequena Mesilla, sul do Novo México. Três décadas de odisseia pelas três Américas terminaram de forma trágica em uma gruta próxima a cidade de Las Cruces. Martirizado como os primeiros cristãos, o eremita Agostini cumpriu a promessa que fizera a Deus quando iniciou sua vida errante em 1827: a de pregar o Evangelho nos mais terríveis desertos do mundo. Seus protetores e devotos do Novo México, em 1869, escreveram o seguinte epitáfio na lápide: "Juan Maria Agostiniani - Justiniani, Eremita do Velho e do Novo Mundo. Morreu em 17 de abril de 1869, aos 69 anos  e 49 como eremita". Para destacar a nobreza de sangue, Agostini dizia que sua família descendia do Imperador Romano Justiniano. A lápide original foi substituída por esta da foto, em 1949, com epitáfio simples, mantendo o sobrenome "Justiniani". Quantos admiradores e devotos brasileiros não gostariam de ir até o local onde Agostini está enterrado? Pelo que ele fez ao menos merece uma "Ave-Maria".

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O Eremita do Novo Mundo

Foto do italiano que deu origem ao santo popular conhecido em todo o sul do Brasil como Monge João Maria. O detalhe da mão esquerda foi fundamental para desvendar o paradeiro de tão misterioso personagem. Fotografia tirada em 1867, na cidade de Santa Fé, norte do Novo México (EUA). Arquivo da Universidade do Estado do Novo México, coleções especiais.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Exílio no Novo Mundo



Escolheu a América para viver em penitência. Peregrinou pelos quatro cantos do extenso continente, ora de barco, ora a cavalo ou mesmo a pé. Atravessou rios, desertos, florestas e montanhas improvisando residência em grutas e cavernas. De origem italiana, seu nome era Giovanni Maria de Agostini (1801-1869), conhecido no Brasil como Monge João Maria. Foi da Argentina ao Canadá passando pelo Brasil, Chile, Bolívia, Peru, México, Cuba e Estados Unidos tentando salvar a alma daqueles que ele acreditava se encontrarem longe de Deus. De 1838 a 1869, foram milhares de quilômetros enfrentando desafios, fazendo de sua trajetória algo tão fantástico que parece improvável você nunca ter ouvido falar de seus feitos. Dedicando grande parte da vida às causas do Evangelho e tentando reproduzir o instituto de Santo Antão Abade, alguns o consideram um dos maiores peregrinos que a América conheceu em todos os tempos. De tão inusitada, essa história de vida poderia ser considerada ficção – mas foi extraordinariamente real.

Eremita João Maria de Agostini, em fotografia tirada em Havana, Cuba, 1861.