João Maria de Agostini não foi um homem comum. Sozinho, partiu de uma Europa assolada por guerras, fome e mortes. A Itália estava iniciando o processo de Unificação e muitos sentiam os efeitos disso. Escolheu a América (o continente) para levar uma vida de solidão e penitência. Mas quem diria que, apesar do desejo em imitar a vida de Santo Antônio Abade (o primeiro eremita cristão e que viveu no Egito nos primeiros séculos do cristianismo), tornou-se um dos maiores missionários católicos que a América conheceu?
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Foto tirada em Havana, Cuba, em 1861. |
Exímio orador, pregava o Evangelho de modo agressivo quando necessário, e não poucas vezes foi escorraçado de igrejas por atacar quem o ouvia. Como típico europeu de seu tempo, o comportamento arrogante, superior diante dos povos americanos, não era bem-visto por alguns. Mas, apesar disso, deixou marcas profundas e duradouras entre os populares: construiu vias-sacras, instituiu devoções, curou doentes a partir de seu conhecimento de "cientista natural", aconselhou, repartiu o pouco que conseguiu, fez-se santo! Sua aparência se enquadrava ao estilo dos santos bíblicos: barbas longas, cajado de peregrino, hábito religioso, objetos sacros e comportamento exemplar. Um "iluminado" que, além de tudo, falava vários idiomas (latim, dialeto do Piemonte, francês, espanhol e português). Peregrinou por mais de 30 anos no continente, e faleceu possivelmente pelas mãos daqueles que ele mais deu atenção durante esse tempo: os índios (Apaches que estavam em guerra contra o homem branco que tomava seu território no estado do Novo México).
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Encontro necessário e muito esperado |
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Lápide de Juan Maria de Agostini,
o "Eremita do Novo México" (Mesilla, EUA). |
Sabe-se que um livro não seria, e não é, suficiente para dar conta de toda essa história. Seria preciso muito mais: um documentário, filme, série, enfim, algo que pudesse divulgar minimamente o que fez este bravo e controverso homem. Por isso estamos (a equipe da Plural Filmes e eu), desde o ano passado, percorrendo inúmeros lugares por onde Agostini passou e deixou alguma devoção continuada por seus devotos/admiradores: no Brasil, nos Estados Unidos, na Argentina, no Peru e no México. Documentário longa-metragem que tentará contar as crenças, lendas e histórias a respeito do monge/eremita, mas, acima de tudo, aproximar lugares e pessoas.
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Conjunto rochoso onde está "La Cueva", local onde Agostini morou em Mesilla entre 1867 e 1869. A poucos metros dali seu corpo foi encontrado, morto, com perfurações nas costas. |
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Equipe de filmagem em "La Cueva" (Mesilla, EUA) |
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Entardecer, "La Cueva". |
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Montanha do Eremita, norte do Novo México (EUA) |
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No alto da Montanha do Eremita (2.100 m de altitude). |
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Pedras durante a subida da montanha |
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Trilhas na montanha |
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Cerro Chalpón, norte do Peru. |
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Santa Cruz de Motupe. Obra feita por Agostini em 1841, venerada até hoje pelos peruanos |
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Ponto de parada da Santa Cruz, ainda no meio da montanha. |
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Praça Central, Motupe. Milhares aguardam a chegada da Santa Cruz. |