Em um mundo não muito
distante de nós, mas em outro tempo, aconteceu um caso interessante. Milhares
de pessoas passaram a se encaminhar para um local onde brotava uma água “milagrosa”,
que curava todo tipo de doença. Tal água nascia de uma fonte “abençoada” que já
havia operado a salvação de vários doentes, diziam os comentários. As notícias corriam
céleres, de boca em boca, fazendo com que tal fonte virasse um verdadeiro
centro de peregrinação. A aglomeração chamou a atenção das autoridades, dos
jornalistas e dos cientistas.
![]() |
Fonte de água "milagrosa", no Cerro do Botucaraí, Candelária/RS |
Dois médicos, que também eram químicos, realizaram testes com essa água, concluindo que ela era unicamente potável. Porém, de pouco adiantou a propaganda do governo e dos jornais denunciando o charlatanismo e a impostura daqueles que ainda apregoavam a cura pelo uso da água, pois o povo continuou a afluir à fonte, acreditando no milagre.
Paralisias, cegueira, doenças de pele, ossos quebrados, problemas respiratórios, dores abdominais, de ouvido, de garganta, e até infertilidade feminina...tudo se curava pelo uso da dita água “santa”. Se fosse hoje, talvez também existissem alguns propagandeando que a ingestão da água curasse parasitas, vermes e vírus. Afinal, mesmo sem comprovação científica de sua eficácia, mal não faria tomar alguns goles do abençoado líquido. Ao menos era água potável.
Nota do autor: esse caso é verídico, e aconteceu em 1848 nos Cerros do Campestre (Santa Maria) e do Botucaraí (hoje no município de Candelária). Era a época em que a ciência iniciava sua luta para desacreditar certas crendices populares. Pelo visto a luta continua...